12.9.11
Entrevista Decepcionante de Nuno Crato
Embora com algum atraso, quero verberar aqui a posição pífia de Nuno Crato, por frouxa e pobre em demasia, relativamente ao dito Acordo Ortográfico da LP de 1990, expressa na entrevista que concedeu à Revista Única do Expresso do anterior fim-de-semana, dia 3 de Setembro.
Tal como VGMoura assinalou, no DN de 4.ª feira passada, NC parece demasiado desconhecedor do assunto, provavelmente não o terá sequer estudado, não lhe atribuindo a importância que ele merece. Foi, na entrevista, surpreendentemente lacónico e até displicente, com tão melindroso tema.
Sendo pessoa inteligente e com méritos firmados na área intelectual, esperava-se dele atitude completamente diversa, mais informada e mais séria como compete a um Ministro da Educação.
Se, no resto dos assuntos da sua responsabilidade, que são imensos, assumir postura idêntica, prosseguirá a Educação dos Portugueses, principalmente dos mais jovens, a sua marcha fatídica a caminho da degradação e da ineficiência, para toda ela vir a terminar no poço da incompetência e da ignorância, onde maioritariamente já se encontra, ao fim de quase 40 anos de experiências curriculares e programáticas fúteis e demagógicas, já com resultados desastrosos, bem visíveis na impreparação científica, técnica e cultural da maioria dos jovens entretanto formados.
Lamenta-se tão decepcionante entrevista, neste ponto específico da pretendida reforma ortográfica da Língua Portuguesa, a qual não representa outra coisa senão a tola e apressada adesão dos Portugueses à grafia da LP vigente no Brasil desde 1943, depois de este ter assinado e posteriormente rejeitado o Acordo Ortográfico de 1945.
A decepção como os melhores é sempre de lastimar, do pior que nos pode acontecer.
Esperemos que NC ainda venha a rectificar a sua desleixada atitude a propósito do dito AO.
Atente-se, a este propósito, na prudência dos dirigentes de Angola e de Moçambique, que ainda não esboçaram nenhuma intenção de aprovação do dito Acordo, em notório contraste com a atitude precipitada, leviana, desinformada e algo servil revelada pelos governantes e responsáveis de Portugal.
AV_Lisboa, 11 de Setembro de 2011
Sinceramente, já há muito que deixei de acreditar que os governos estejam mesmo interessados na educação e cultura do povo.
É caro, dá trabalho e é arriscado para os projectos de poder. Um povo evoluído tem de ser bem pago, pensa pela própria cabeça, e torna-se demasiado difícil de encarneirar. O melhor é deixá-lo na inefável ignorância e obscurantismo do passado. Assim, será mais fácil obter mão-de-obra obediente e ao preço da chuva e, por outro lado, convencer os laparotos, dóceis por definição, que é muito honroso servir de carne para canhão...
O famigerado acordo ortográfico de que fala vem mesmo a calhar para a crise. Os professores deixam assim de se preocuparem com os erros, tarefa assaz difícil e demorada. O que, convenhamos, sai muito mais barato.
Caro amigo
Onde está "preocuparem" eu preferiria "preocupar".
Engano que nem o novo acordo pode desculpar...
Agradeço a sua atenção e naturalmente lhe relevo esses arreliadores erros de concordância que todos cometemos quando estamos distraídos.
Todavia, uma coisa é cair num lapso, conhecendo a doutrina, que logo impõe a competente correcção, outra é navegar no tranquilo mar da ignorância e nem dar pelas calinadas semeadas a esmo.
A diferença é enorme; o abismo, intransponível.
Mas sosseguemos que, com o dito AO, tudo irá melhorar, no que ao idioma respeita.
Desde logo, ficarão desculpados todos os erros ortográficos, que se hão-de imputar à conta da transição das regras.
Ao menos aqui poderiam os nossos putativos responsáveis atender ao exemplo de prudência de Angolanos e Moçambicanos.
Afinal, com qualquer um se aprende, quando se está de espírito aberto.
Um abraço.
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